Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa em 40 anos, aponta MapBiomas
- Dot Comunicação

- 15 de set.
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A ocupação humana na Amazônia nos últimos 40 anos acelerou a perda de vegetação e ampliou a ameaça ao equilíbrio climático global. Dados da série histórica do MapBiomas, divulgados nesta segunda-feira (15), revelam que entre 1985 e 2024 o bioma perdeu 52 milhões de hectares de cobertura nativa — o equivalente a 13% do território amazônico, área comparável ao tamanho da França.
Com o novo levantamento, a Amazônia já acumula 18,7% de vegetação perdida, dos quais 15,3% estão hoje ocupados por atividades humanas. O cenário preocupa pesquisadores:
“A Amazônia brasileira está se aproximando da faixa de 20% a 25% prevista pela ciência como o possível ponto de não retorno do bioma, a partir do qual a floresta não consegue mais se sustentar”, alerta Bruno Ferreira, pesquisador do MapBiomas.
Avanço da agropecuária e mineração
Segundo a análise, 83% da conversão do solo amazônico ocorreu nas últimas quatro décadas. As pastagens passaram de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões em 2024. A agricultura cresceu ainda mais: de 180 mil hectares para 7,9 milhões, avanço 44 vezes maior.
A silvicultura, voltada ao cultivo de espécies exóticas, aumentou 110 vezes, chegando a 352 mil hectares. Já a mineração subiu de 26 mil hectares para 444 mil.
A soja desponta como a principal lavoura da região, ocupando 5,9 milhões de hectares (74,4% da área agrícola do bioma). Grande parte dessa expansão ocorreu após a Moratória da Soja, acordo firmado em 2008 que proíbe a compra do grão cultivado em áreas desmatadas na Amazônia.
Impactos ambientais
A supressão de florestas responde por 95% da vegetação perdida, totalizando 49,1 milhões de hectares. O resultado já afeta o regime hídrico da região. Entre 1985 e 2024, a Amazônia perdeu 2,6 milhões de hectares de áreas alagadas, apicuns e mangues. Oito dos dez anos mais secos da série histórica ocorreram na última década.
Regeneração e preservação
Apesar das perdas, 6,9 milhões de hectares (2% da Amazônia) estão em processo de regeneração. Ainda assim, em 2024, 88% do desmatamento ocorreu em florestas primárias.
O Ministério do Meio Ambiente afirma que o governo tem reforçado medidas de preservação. Entre elas estão a criação da Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento (CIPPCD), o monitoramento em tempo real via Deter/Inpe e a retomada do Fundo Amazônia.
Em 2024, foram investidos R$ 318,5 milhões para intensificar a fiscalização, com drones, helicópteros e aumento da presença de forças de segurança. O objetivo é zerar o desmatamento ilegal até 2030.














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