Famerp cria Fundo Marcos Centola com doação internacional para incentivar pesquisa em cardiologia

A Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) oficializou nesta quarta-feira (17) a criação do Fundo Marcos Centola, iniciativa voltada ao fortalecimento da formação científica de estudantes de graduação e pós-graduação na área de cardiologia. O fundo foi viabilizado por uma doação internacional de US$ 11 mil, realizada em homenagem ao engenheiro rio-pretense Marcos Pereira Centola, que morreu em novembro de 2024, aos 71 anos.

Natural de São José do Rio Preto, Marcos Centola construiu uma carreira de projeção internacional na engenharia de dispositivos médicos, com contribuições decisivas para tecnologias cardiovasculares utilizadas hoje em diversos países. Atuou em centros de inovação nos Estados Unidos e na Alemanha, onde se consolidou como referência global no desenvolvimento de soluções para o tratamento de doenças cardíacas.

Segundo o diretor-geral da Famerp, professor doutor Helencar Ignácio, a criação do fundo reflete um gesto de reconhecimento profissional e humano por parte de colegas internacionais do engenheiro.

“Na Europa, é muito comum a arrecadação de recursos para uma causa em homenagem a alguém que faleceu. Com a morte de Marcos Centola, seus amigos decidiram criar um fundo destinado à formação científica. A escolha pela Famerp se deve ao fato de ser uma instituição pública, de excelência, localizada na cidade natal dele”, afirmou.

A iniciativa foi liderada por Thomas Bogenschüetz, presidente da Medical Valley in Hechingen, um dos principais polos de inovação em tecnologia médica do estado de Baden-Württemberg, na Alemanha. A rede reúne mais de 70 empresas do setor, entre elas a MEDIRA e a QATNA, além de fornecedores e prestadores de serviços especializados.

“Embora a Medical Valley seja sediada na Alemanha, os amigos optaram por homenagear Marcos Centola por meio de uma instituição pública brasileira, em respeito à sua origem e ao seu legado. Sua trajetória internacional era motivo de orgulho para colegas europeus, que viam nele um exemplo de excelência científica e impacto humano”, destacou Bogenschüetz, cofundador e CEO da MEDIRA.

Durante a cerimônia de oficialização, Bogenschüetz e representantes da família Centola entregaram simbolicamente o cheque ao diretor-geral da Famerp. Estiveram presentes a viúva, Ana Maria Centola, filhos e irmãos do homenageado, além de dirigentes e docentes da Famerp, da FAEPE (Fundação de Apoio ao Ensino Famerp), da Funfarme, do Centro Integrado de Pesquisa (CIP) do Hospital de Base, além de cardiologistas e pesquisadores das instituições.

Fundo Marcos Centola

O Fundo Marcos Centola irá financiar a participação de estudantes em congressos internacionais, intercâmbios acadêmicos e projetos avançados de formação científica em cardiologia. A iniciativa amplia oportunidades para jovens pesquisadores e contribui diretamente para o fortalecimento da pesquisa cardiovascular no país.

A criação do fundo simboliza o retorno do legado de Marcos Centola à sua cidade natal, beneficiando novas gerações de pesquisadores brasileiros e perpetuando valores como criatividade, ética e inovação, que marcaram sua trajetória profissional.

Quem foi Marcos Centola

Nascido em São José do Rio Preto, em 1953, Marcos Pereira Centola construiu uma carreira de destaque internacional na engenharia de dispositivos médicos. Formado pela Universidade Mackenzie, ingressou no setor médico no final dos anos 1980, onde deixou seu principal legado.

Na Braile Biomédica, destacou-se pelo desenvolvimento de programas endovasculares que o projetaram internacionalmente. Em 2007, passou a liderar projetos na JOTEC, integrando posteriormente a Medical Valley. Na empresa, criou o sistema Squeeze to Release, hoje utilizado mundialmente, tornando-se referência em tecnologias para o tratamento de aneurisma de aorta.

Ao longo da carreira, acumulou mais de dez patentes, contribuiu para a geração de centenas de empregos e participou do desenvolvimento de tecnologias que salvaram vidas ao redor do mundo. Atuou em empresas como MEDIRA, QATNA e NVT, onde lançou o dispositivo Allegra TAVR, aprovado na Europa em 2017.

Mesmo após a aposentadoria e o retorno ao Brasil, seguiu ativo como consultor até sua morte, em novembro de 2024. O Fundo Marcos Centola eterniza sua trajetória de impacto científico, tecnológico e humano, e passa a inspirar estudantes e pesquisadores da Famerp a seguir caminhos de excelência e inovação.

Imagens: Johnny Torres/Famerp