top of page

Costureiras de Corações: arte manual que une ciência e tecnologia para salvar vidas

  • Foto do escritor: Dot Comunicação
    Dot Comunicação
  • 26 de set.
  • 2 min de leitura
ree

Em plena era da inteligência artificial e da robótica, uma atividade essencial para a medicina ainda depende da delicadeza e da precisão das mãos humanas — e femininas. São as chamadas “costureiras de corações”, mulheres que transformam sua habilidade manual em esperança para milhares de pacientes com regurgitação da válvula tricúspide, doença até pouco tempo negligenciada.


Graças a esse trabalho minucioso, realizado dentro do Parque Tecnológico “Vanda Karina Simei Bolçone”, em Rio Preto, um dispositivo médico já salvou mais de 2 mil vidas e hoje está presente em 65 países.


Tecnologia e delicadeza manual


A Products and Features Brasil (P&F Brasil), empresa incubada no Parque Tecnológico, desenvolveu a Tricvalve, válvula cardíaca que ainda passa por aprovações internacionais, mas já se consolidou como inovação de impacto global.

Segundo Liza Fachin, diretora de qualidade da P&F, “não existe máquina capaz de substituir esse processo. Cada válvula exige costura com pontos minúsculos e idênticos, feita com tecidos sintéticos e pericárdio bovino. É uma habilidade única”.


Profissão reinventada


O ofício que antes vestia pessoas agora prolonga vidas. Muitas costureiras vieram da moda, de cursos técnicos de vestuário ou até de outras áreas, e encontraram na medicina uma missão.

“Tem que amar vidas, porque cada ponto é para salvar uma. Se a válvula sai errada, significa a perda de alguém”, afirma Silmara Nato Toninato, 45 anos.


A rotina exige rigor: seis horas de trabalho em campo estéril, sem maquiagem, esmalte ou adereços, e procedimentos cronometrados de higienização. “É gratificante saber que nosso trabalho dá a alguém mais tempo com a família”, conta Lúcia de Paula Davi, 43 anos.


Da moda à medicina


Histórias de reinvenção são comuns entre as costureiras.

Silvana Campos de Brito, 35 anos, que sonhava entre enfermagem e moda, encontrou um caminho inesperado: “Entrei em 2018 para um trabalho temporário e, sete anos depois, estou especializada em costura de válvulas. É dedicação e amor ao próximo.”


Já Kelly Fernanda Dias Romero, 48, resume a diferença: “Na costura comum, se errar, você refaz. Aqui, se errar, perde uma vida”.

A jovem Larissa Mesquita Serva Borges, 24, emociona-se ao pensar nos destinos de suas peças: “É impressionante saber que meus pontos vão parar no coração de alguém. A gente faz com amor e carinho”.


O impacto das doenças cardiovasculares


A regurgitação da válvula tricúspide compromete o fluxo sanguíneo e pode evoluir para insuficiência cardíaca. Segundo estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology (2023), as doenças cardiovasculares mataram cerca de 400 mil brasileiros em 2022, o que representa 31% de todas as mortes no mundo.

Comentários


Em destaque

bottom of page